1989 - 2009

1989 - 2009

domingo, 4 de janeiro de 2009

A AVENTURA UTIL



Se é fundamental formar uma sociedade que responda realmente às necessidades do homem de amanha, é importante definir junto aos jovens de hoje quais são as prioridades, e procurar agir com eles para afirmá-las.

É com este espírito, e com intuito de promover o desenvolvimento social e cultural dos jovens deste planeta, que Les Apprentis de l’Espérance, - Aprendizes da Esperança - associação francesa criada por jovens com dificuldade de inserção, em Paris/1986, unidos a jovens cariocas, fundaram o Espaço Brasil 2001.

O Espaço Brasil 2001 veio coroar o trabalho pioneiro de educação artística desenvolvido voluntariamente pela bailarina francesa Sophie de Panaskhet nas praças do Vidigal e nas ruas do Rio de Janeiro desde 1983.

O Instituto e Centro Alternativo para o Desenvolvimento e Comunicação - Espaço Brasil 2001, nasceu em 1988 da vontade de realizar com adolescentes socialmente desfavorecidos, trabalhos e eventos dinâmicos, que lhes correspondem e os eduquem para a sua vida futura de cidadões.

O Centro a vocação socio-educativa que implantamos em 1991 em Itaguai, já foi a segunda etapa desta vontade, a mesma escalada por outra vertente: a onde antes os trabalhos surgiam das e nas ruas do Rio, em torno do bairro do Vidigal (1983/90), o outro desafio consistiu em determinar e alcançar uma IDENTIDADE para um trabalho continuo, desenvolvido em zona rural, num espaço fechado e no entanto diuturnamente em atividade.

Por e para tanto, em 1990, voluntários e jovens envolvidos com os primeiros passos deste desafio (trabalho braçal para tornar o terreno habitável) elaboraram um PROJETO EDUCATIVO com base nos objetivos sociais da associação Espaço Brasil 2001, estatutos existentes desde sua fundação em 1988.

E muito importante lembrar os capítulos destes estatutos, relativos aos menores para os quais se destinam nossos esforços e objetivos principais: "O Espaço Brasil 2001 é una sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos. Alternativa humanitária, o Instituto tem por finalidade preparar o jovem de faixa etária entre 7 e 17 anos, na alvorada do Terceiro Milênio..."


A associação tem a seu favor una experiência séria e longa em termos de animação sociocultural e de educação da personalidade (consciência de si, dos seus direitos, potencialidades e deveres) junto à menores de 8 à 15 anos (Vidigal 83/90) de 3 à 17 anos (Itaguai 90/97) e de 4 a 21 anos (Rio 97/2001).

Esta experiência permite discernir melhor como alcançamos ou deixamos de alcançar os objetivos fixados em nossos estatutos.

O centro implantado em Itaguai passou por uma série de evoluções e adaptações.

Foi preciso ao longo destes anos todos discutir, agir, pensar o projeto de trabalho em outro contexto : Zona rural, espaço a ser administrado de modo ininterrupto, necessidade incontornavel de recursos e apoios.

A luta nunca foi pouca, nenhum esforço foi poupado, apesar da inconstância de recursos financeiros e humanos. Nossa vontade obedece a um amor muito grande à dignidade dos menores.

O primeiro ano de funcionamento girou em torno de uma pre-escola, com 80 crianças,duas professoras, refeições, festas com a comunidade. Ao fim do dia, todos voltavam para seus lares.

No decorrer do segundo ano, atendendo à necessidade de recursos humanos, passamos à ter uma vertente de internato, excluída dos nossos estatutos, com a chegada de mulheres necessitadas, maltratadas e apresentando perturbações psicológicas, com filhos pequenos, pedindo amparo e serviço.

Não podíamos imaginar que seriamos rapidamente apelidados de "creche" pela comunidade. Esta apelação nos acompanhou muito tempo em Itaguai e isto era revelador de uma situação irregular. De "creche" não se tinha nem a vocação, nem os recursos.

Anos passando, vimos chegar até nos pedidos de amparo para crianças pequenas e cometemos o erro de aceita-las, sem calcular o risco que isto comportava.

Mães, casais, assistentes sociais, entidades diversas e instituições publicas e privadas encaminharam-nos crianças, a maior parte do tempo abaixo de sete anos.

Aceitamos por sabermos das dificuldades sociais e administrativas existentes.

No entanto, não podíamos mais sustentar o que para a equipe de voluntários, tornava-se cada vez mais prejudicial ao conjunto de nossas pequenas vitorias e grandes objetivos.

Estivemos entre 1992 e 1996 com 35 crianças internas, sendo 25 abaixo de 10 anos que pouco podiam contribuir para nossos objetivos fortalecedores que eram, e continuam sendo, as oficinas de formação.

Por isso, fomos considerados como Centro de amparo. Porém não podíamos continuar neste caminho. Era para nos gerador de sobrecarga e um obstáculo para nossos reais objetivos.

Crianças pequenas requerem gastos sem poderem participar de atividades produtivas. Requerem afeto e atenção personalizada que mobilizavam sobremaneira os poucos adultos e jovens de mais de 10 anos que, assim como eles também, habitavam no Núcleo de Itaguai.

Pretendemos despertar a consciência do menor perante à vida de cidadão que o espera. Dar-lhe chances de romper com ciclos repetitivos de opressão e limitações e evoluir.

Afirmamos e insistimos muito neste sentido, junto as entidades que têm finalidades comuns ou queiram se associar, pois não foi fácil, mas conseguimos inverter esta "distorção" de nossos objetivos.

95 % dessas crianças menores de 10 anos possuíam uma família, uma mãe, que conseguiram, com um esforço continuo de intervenção e orientação da nossa equipe, readquirir as suas próprias capacidades de assumir a boa educação dos seus filhos, seja através de um emprego melhor, seja através de um acompanhamento de reavaliação psico-afetiva.

Assim, as ultimas 12 crianças, entre 6 e 14 anos, todas com mais de 5 anos de casa, escolarizadas com êxito, preparadas em varias frentes socioculturais, formadas em culinária e economia domestica, manutenção e cuidados agrícolas, cientes de seus (poucos) direitos e (muitos) deveres, mas confiantes num futuro melhor, voltaram oficialmente para suas famílias ate dezembro de 1999, enquanto o Núcleo Rural entrou em recesso por precisar de reformas e melhorias.

Precisamos deixar claro perante a comunidade, empresários, entidades e instituições, que retomamos as redes do Núcleo rural com firmeza, confiança e perseverança, com metas principais a cooperação para o desenvolvimento agropecuário e pesqueiro, a preservação e o monitoramento do ecossistema na região, implantando programas de capacitação e de bioprodução (piscicultura, apicultura....)

Buscando ampliar atividades agro-industriais e ecológicas (plantio, reciclagem, energias renováveis, eco turismo, etc...) para garantir o desenvolvimento do Núcleo rural, contamos com a valiosa colaboração da VIVATERRA, Sociedade de Defesa, Pesquisa e Educação Ambiental, da APIMI, Associação dos Apicultores de Itaguai, a cooperação técnica da COPPE/UFRJ, a colaboração de estagiários do CTUR/UFRRJ e o apoio da Prefeitura Municipal de Itaguai.

Tal reorientação, em perfeita adequação com o progresso ambiental, touristico e econômico da Costa Verde, recebe o apoio e o incentivo do Governo Federal e da Prefeitura Municipal de Itaguai, que vê nesta parceria uma forma dinâmica do Governo Mão a Obra garantir benefícios concretos, a curto prazo para o meio rural, em particular para Santa Cândida e toda a população do Município, por este ser lugar de destaque, frente a implantação do Porto de Itaguai.

A chancela da UNESCO do ESPAÇO BRASIL 2001/APRENDIZES DA ESPERANÇA desde 1989, para a Mobilização da Juventude em favor do Desenvolvimento, os intercâmbios sendo promovidos neste âmbito e ainda a nossa responsabilidade e o nosso empenho para a divulgação do Programa Planet Society e da Campanha escolar “ Há um mundo a construir” do Patricom/UNESCO, são fatores que em muito contribuirem para sensibilizar a comunidade internacional da importância do município de Itaguai no cenário nacional brasileiro.

Porem, necessitamos de serias reformas e melhorias, devido os estragos causados pelos vários flagelos que abalaram Itaguai, e para tanto, procuramos firmar convênio (s) de parceria para viabilizar nossa proposta de educação a preservação do meio ambiente e desenvolvimento social beneficiando a comunidade em geral.

Enquanto isso, a partir de nosso Núcleo Cultural, sediado em Guaratiba, os trabalhos prosseguiram com escolas e comunidades, na Zona Oeste do município e no Estado do Rio .

Entre outras atividades, voltadas para sensibilizar a comunidade à valorização do manguezal e proteção do ecossistema da região, procuramos popularizar as artes, promovendo oficinas, exposições, eventos e manifestações oferecendo encontros artísticos e gastronômicos, com a participação voluntária e o apoio de profissionais

Contamos com a consciência desta nossa sociedade. O programa político-pedagógico, norteador do Espaço Brasil 2001/ Aprendizes da Esperança que compreende educação a cidadania, educação a saúde, educação artística, esportiva e ambiental, justifica nossa perseverança.

Esperamos ainda mobilizar voluntários e empresários determinados em contribuir no processo de formação e de produção fortalecendo o aprendizado e o desenvolvimento da juventude.

O efeito que a disseminação dos resultados sociais e pedagógicos obtidos junto ao público - alvo pode agora acarretar na comunidade estudantil, conjugando integração psicossocial e orientação profissional, não só entre alunos e professores, como na direção de unidades preocupadas em melhorar a qualidade do processo ensino - aprendizagem, e ainda a credibilidade desta nossa iniciativa junto à comunidade internacional, traduzida pelo reconhecimento da UNESCO que apoia os trabalhos no intuito de mobilizar a comunidade para o resgate e a valorização do patrimônio cultural e natural da humanidade, justifica persistir com nossa proposta, numa busca continua para ampliar e dinamizar o circulo das cooperações.

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